16 março 2015

Arrebatador! - TEXTO DO COLUNISTA


Oi pessoal, e aí, muito curiosos para lerem a resenha de O Teorema Katherine? Então se preparem, porque a resenha vai ser longa, afinal, esse livro arrebatou meu coração e será impossível descrevê-lo em meia dúzia de palavras.

Bom, como já disse na minha resenha sobre o primeiro capítulo de O Teorema Katherine (quem quiser leia aqui), a história começa num tom meio depressivo. Colin está na fossa porque acabou de levar um pé na bunda de sua namorada, Katherine. Mas ela não é uma namorada qualquer, ela é "A Katherine", ou melhor, a XIX Katherine na vida de Colin. Sim, ele já teve 19 namoradas chamadas Katherines, e essa não é a única esquisitice na vida do rapaz.

Colin é um garoto diferente, completamente nerd, prodígio e aspirante à gênio, que não faz nada da vida além de decorar coisas que lê, fazer anagramas, estudar idiomas e namorar Katherines. Ao se formar no colégio, Colin percebe que seu momento gênio está com os dias contados, afinal, ele já tem 17 anos e ainda não descobriu a cura de nenhuma doença, não concluiu nenhum doutorado e não fez nenhuma outra proeza que o deixasse famoso e digno de ser lembrado pela eternidade. E isso acaba o deixando ainda mais deprimido.

Colin viveu sua vida inteira querendo ser importante, sendo incentivado de perto por seu pai. Para isso, ficava horas e horas do seu dia estudando, o que acabou transformando-o em uma pessoa extremamente solitária, ridicularizada e incompreendida pelos outros e de certa forma vazia e sem conteúdo. Quanto mais Colin estudava e adquiria conhecimento, mais distante ele ficava da vida, menos ele conseguia se relacionar com as pessoas e mais frustrado ele ficava por não conseguir atingir suas marcas, seus

Hassan conhecia muito bem seu melhor amigo e sabia o quanto o garoto estava sofrendo pelo término do namoro e pelos seus problemas existenciais. Queria ver o amigo feliz e acabou propondo que ambos metessem o pé na estrada, sem rumo e sem compromisso, até a dor passar. Colin acabou concordando.

Como que por ironia do destino, Colin e Hassan vão parar em Gutshot, a cidade em que o Arquiduque Francisco Ferdinando está enterrado. Lá eles conhecem a peça chave que irá mudar de vez suas vidas: Lindsey.

É em Gutshot, a caminho do túmulo do Arquiduque, que Colin tem seu primeiro momento "eureca", logo depois de cair e bater a cabeça. Colin descobre que o amor pode ser representado em um gráfico matemático, logo, seria possível, através de cálculos, demonstrar quanto tempo um relacionamento amoroso poderia durar e quem seria o Terminante e o Terminado da relação. Foi assim que ele resolveu criar O Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines. E com esse Teorema, ele tinha certeza, finalmente atingiria seu momento gênio e seria agraciado com algum grande prêmio, além de ter sua Katherine XIX de volta.

O problema é que resolver esse Teorema não era tão fácil quanto Colin imaginava, e os resultados encontrados acabariam modificando por completo a sua vida e a de todos ao seu redor. Afinal, será mesmo possível prever os términos dos relacionamentos por meio de cálculos? E que ensinamento podemos tirar disso tudo? Vocês terão que ler para saber. E leiam, porque vale muito a pena!!

***

Novamente John Green nos presentou com uma história maravilhosa, tão real, tão plausível, tão cheia de personagens complexos e ricos de significados que é impossível não nos entregarmos ao livro de corpo, alma e mente.

O texto é narrado em terceira pessoa, diferentemente de A Culpa é das Estrelas,
o que nos permite ter uma dimensão muito maior dos acontecimentos e dos pontos de vista de cada personagem. Os capítulos são intercalados entre momentos vividos no presente e algumas elucidações sobre o passado.

Assim como em A Culpa é das Estrelas, John Green consegue alternar entre textos simples, linguagem coloquial, cheia de gírias de adolescente, com textos inteligentes, citações e referências históricas que complementam o significado da história.

Impossível não se apaixonar por Colin, Hassan e Lindsey nas suas individualidades. Todos tão cheios de defeitos e ao mesmo tempo com tantos princípios e virtudes. Impossível não se identificar com um ou todos eles. Impossível não vibrar com as descobertas feitas e com as reflexões elaboradas por eles. Impossível não refletir sobre as nossas próprias vidas, escolhas e atitudes.

Desde A Culpa é das Estrelas, John está tentando nos dar dois recados que podem parecer sutis, mas que permeiam do início ao fim as obras dele: a importância de sermos quem somos e o que um livro, uma história, pode fazer com as nossas vidas.

Em O Teorema Katherine, John levanta grandes questionamentos como: Por que nos preocupamos tanto com o que os outros pensam? Por que tentamos diariamente ser o que não somos? Por que queremos desesperadamente ser amados, idolatrados, lembrados, especiais? O que estamos tentando preencher com tudo isso? Até onde iríamos para atingir esses objetivos? Seríamos realmente capazes de nos anularmos, de trocarmos de identidade até percebermos que não sabemos quem somos de verdade? Pensem sobre isso!!

"É fácil demais ficar empacado. Cê só fica com essa ideia fixa de ser alguma coisa, de ser especial ou maneiro ou sei lá o quê, ao ponto de nem saber mais por que precisa disso; cê só acha que precisa."

Ri muito, me emocionei demais, pensei demais, me apaixonei demais, tudo demais, porque O Teorema Katherine é demais!

Preciso alertá-los que ao final existe um apêndice explicando todos os cálculos e gráficos que são mostrados durante o livro. O John deixou bem claro que o apêndice era um opcional, que quem não quisesse não precisava lê-lo. Mas ele é tão fofo e falou tão bem do amigo que criou todas as teorias para ele que juro que tentei ler, mas quem me conhece, sabe que não nasci com o neurônio da matemática (juro, é verdade, acabei de ser eliminada de dois concursos públicos por causa da matemática) e simplesmente logo no segundo parágrafo desisti porque não consegui entender nada. E fico com raiva quando não consigo entender algo, e aí sim minhas chances de aprendizado são reduzidas a um grande 0.

De qualquer forma, quem puder leia, tenho certeza de que irão gostar e conseguirão enxergar a genialidade por trás disso.

John novamente arrasou com meu coração. Estou profundamente triste de ter acabado a história. Simplesmente não vi as páginas passarem e quando dei por mim estava lendo as últimas linhas, incrédula, pensando: "Não creio, já acabou? E agora, o que eu faço?". O sentimento de se sentir órfã de um livro, de amigos que você acabou de fazer, é triste demais, mas ao mesmo tempo, o sentimento de ter vivido uma nova aventura, de ter descoberto coisas novas, aprendido mais um pouco, refletido sobre a vida, é tão intenso que meio que se igualam.

John, só tenho a te agradecer por nos presentear com mais uma obra tão significativa e tão profunda na sua simplicidade. Colin pode não ser um gênio, mas você é! E que venham mais livros para saborearmos!

De: Colecionador de sonhos

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